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Empreendedorismo feminino: lugar de mulher é na liderança do seu próprio negócio

15/03/2024

Mulheres não foram historicamente socializadas para desempenhar papéis de liderança, tomar a iniciativa, correr riscos ou mergulhar no universo dos negócios. Pelo contrário, são, ainda hoje, desestimuladas e educadas para o ambiente doméstico e o exercício do cuidado. Neste sentido, há ainda questões trabalhistas que podem desafiar o cenário para mulheres que desejam empreender.

No entanto, apesar de todas essas fabricações estereotipadas, felizmente, o empreendedorismo feminino está em expansão.

No Brasil, por exemplo, 34,4% dos empreendedores são mulheres, colocando o país na 7ª posição entre os com maior representatividade do mundo, de acordo com dados do Sebrae e do Global Entrepreneurship Monitor (GEM).

Contudo, se as construções de gênero e as barreiras sociais não as impediram de aumentar sua participação no mercado, as deixam em desvantagem.

O empreendedorismo feminino enfrenta grandes desafios e, em sua maioria, não é resultado do estímulo à inovação, criatividade e liderança entre as mulheres. Ele é fruto, na verdade, da necessidade.

Concentradas em setores de menor valor agregado, como alimentação e beleza, muitas escolhem empreender como resposta à discriminação e falta de oportunidades formais.

Trabalho doméstico não remunerado, maternidade, dificuldade de acesso ao crédito e a financiamentos, desvalorização e preconceito são outros obstáculos encarados pelas mulheres que decidem abrir o próprio negócio.

Mesmo em um cenário hostil, hoje, segundo o Sebrae, 45% das empresárias brasileiras são consideradas chefes de domicílio e, mais do que ser a principal fonte de renda de seus lares, estão transformando o mercado e a sociedade.

De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT), mulheres em cargos diretivos aumentam a lucratividade dos negócios. A plena participação feminina, como demonstra estudo publicado pela Bloomberg Economics, pode impulsionar a economia global em $ 20 trilhões nas próximas décadas.

O sucesso financeiro de mulheres também é um dos principais agentes de combate à desigualdade social e violência de gênero

 

Direitos trabalhistas podem auxiliar mulheres empreendedoras e celetistas

No primeiro episódio do Trabalho em Foco, videocast do Ovidio Collesi Advogados, nossa sócia Paula Collesi entrevistou Kiki Saraiva, mulher, mãe e empreendedora, que contou sua experiência de maternidade nas duas posições: como CLT e dona do próprio negócio. “Ter a oportunidade da licença maternidade foi essencial para minha experiência com o meu primeiro filho. Já sendo empreendedora, o cenário foi mais desafiador. Na Estúdio Papel todos têm direito à licença maternidade. Duas funcionárias já passaram por isso, ficaram este período fora e voltaram. Isso deveria ser básico em todas as empresas”.

Segundo Paula, a licença parentalidade é fundamental para promoção da igualdade de gênero. “Em alguns países da Europa, como a Espanha, essa licença existe e os pais decidem quem vai ficar em casa oferecendo apoio ao bebê nos primeiros meses de vida e podem, ainda, alternar durante este período”.

 

Faltam incentivos trabalhistas para o pequeno empreendedor

Ainda na ceara do Direito do Trabalho, a crítica de Kiki é no sentido da contratação. No bate-papo, a empreendedora e nossa sócia discutem que não há incentivos voltados ao pequeno empreendedor. “Se você tem um ou mil funcionários, na hora de contratar o processo é o mesmo e pode ser um pouco confuso e burocrático para quem está começando. O empreendedor fica com medo de não dar conta”, explica Kiki, que hoje possui 10 funcionários.

Paula faz um comparativo com os incentivos tributários para pequenas empresas e sugere que os mesmos benefícios deveriam ser aplicados no âmbito trabalhista. “No aspecto material, o pequeno empreendedor é praticamente igual a qualquer outro, salvo se existir algo na convenção coletiva que o permita contratar por um piso menor, como é o seu caso”.

No episódio, Paula e Kiki debatem ainda sobre a importância desses incentivos para que as mulheres consigam não somente abrir empresas, mas mantê-las.

 

Apoio público e privado são fundamentais para promoção do empreendedorismo feminino

Para que as empreendedoras – que deixaram de ser auxiliares da economia familiar e se tornaram provedoras – ganhem mais espaço e protagonismo no mercado e em suas próprias vidas, o apoio e o estímulo coletivo são fundamentais.

Políticas públicas, capazes de garantir maiores oportunidades às mulheres são indispensáveis. Dentre elas: capacitação e qualificação, incentivos e isenções fiscais, acesso facilitado ao crédito, investimentos em creches, promoção de uma cultura de responsabilidade parental compartilhada e apoio a redes de empreendedoras.

Para que a mudança aconteça, a participação da iniciativa privada também é essencial, e empresas devem se engajar em ações afirmativas de diversidade e inclusão, implementar políticas de igualdade, apoiar o desenvolvimento profissional e financiar e firmar parcerias comerciais com mulheres que encabeçam seus próprios negócios.

A comunidade, por sua vez, deve, tanto quanto incentivar a criatividade feminina, se engajar em seus projetos, criando uma rede que viabilize esses negócios e inspire outras mulheres.

O empreendedorismo feminino é uma ferramenta de crescimento econômico e, principalmente, de transformação da realidade. Ao promover a autonomia e o empoderamento das mulheres, esse catalisador impulsiona a criação de renda, a geração de empregos e a diversificação da economia, reduzindo a pobreza e a desigualdade. Mais do que isso: impacta positivamente no letramento social, na saúde e no bem-estar comunitário, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

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Aproveite e confira nosso primeiro episódio do videocast “Trabalho em Foco | Empreendedorismo Feminino” no Youtube e Spotify.

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